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Cabeça de porco

  • Foto do escritor: Antonio Augusto Brito
    Antonio Augusto Brito
  • 11 de mai. de 2017
  • 1 min de leitura

curta botafogo

Entre o Império e a República, a cidade passou por diversas – e radicais – transformações. A antiga nobreza, em dissolução de valores e costumes, ia gradativamente desocupando os palácios centrais da cidade, passando a ocupar áreas antes inacessíveis, como o “distante” bairro de Botafogo. Sim, distante, sobretudo sendo o mais eficaz meio de transporte à época o cavalo. E, quer fosse de tílburi, de caleça ou de cabriolé, da Rua da Guarda Velha à praia de Botafogo era chão.

Copacabana e Ipanema, então, eram zonas bucólicas e quase rurais. Ah, lembremos, também: um cortiço, fosse na zona do Centro, fosse lá pros lados de Botafogo, já se alcunhava – pejorativamente – cabeça de porco.

Os dois mais famosos cortiços de que se tem notícia é o Cabeça de Porco, na Zona Portuária, e aquele ao qual referiu Aluísio de Azevedo em seu clássico, "O Cortiço", que ficava nas cercanias de onde é hoje a esquina das ruas Marechal Niemeyer e Bambina.

Num momento em que o perímetro urbano se expandia, o bairro serviu de microcosmo da própria divisão de classes que surgia na cidade.

Duas camadas sociais antagônicas se defrontando no mesmo espaço em vias de urbanização: de um lado o solar abastado dos Miranda; de outro o fétido cortiço, moradia coletiva, de maus costumes e baixíssima renda.

Pobres e ricos, em Botafogo, separados - pasmem - por um muro! Muito antes de Trump!

Curta Botafogo - O Cortiço

Prédio que inspirou o livro

Curta Botafogo O Cortiço

Endereço imortalizado no clássico da literatura

 

*Lucio Valentim é professor de Literaturas, doutor em Letras Vernáculas e pesquisador visitante no Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC) da UFRJ

 

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