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Últimos dias da exposição de Flavio-Shiró na Pinakotheke Cultural

  • Antonio Augusto Brito com colaboração de Carla
  • 12 de nov. de 2018
  • 3 min de leitura

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A exposição com 44 obras do pintor, gravador, desenhista e cenógrafo de origem japonesa Flavio-Shiró fica em cartaz na Pinakotheke Cultural, em Botafogo, somente até o dia 17 de novembro. O Curta Botafogo esteve lá no último sábado para conferir a mostra, que reúne alguns dos primeiros trabalhos do artista e também os mais recentes.

A primeira boa surpresa ao chegarmos é com o prédio, localizado no número 300 da rua São Clemente. O casarão é muito bem conservado, com pisos de tacos encerados, paredes bem pintadas, iluminação adequada e com um silêncio que faz da Pinakotheke Cultural uma espécie de templo para apreciarmos a boa arte. A recepcionista nos explicou que a Pinakotheke Cultural abre ao público apenas duas exposições por ano. Sempre de obras de artistas de renome – a última foi de esculturas de Victor Brecheret, entre 17 de maio e 14 de julho. O restante do ano é dedicado à preparação de novas exposições para as três galerias do grupo – além da Pinakotheke Cultural, a Pinakotheke São Paulo e a Multiarte, em Fortaleza –, confecção dos catálogos e reuniões com potenciais compradores. Todo esse trabalho é coordenado por Max Perlingeiro, editor, empresário do setor de cultura e especialista na administração de coleções particulares.

Flavio-Shiró

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O artista Flavio-Shiró nasceu em Sapporo, no Japão, em 1928, e foi batizado Shiro Tanaka. Tanto que as primeiras obras – algumas delas na exposição, como o “Autorretrato com chapéu de palha” (1950), que ele vendeu e conseguiu recomprar muitos anos depois – levavam a assinatura “Flavio Tanaka”. Em 1932, com apenas três anos de idade, Shiró se mudou com a família para uma colônia japonesa em Tomé-Açu, no Pará. Dá para imaginar o fascínio de uma criança, com olhos de artista, pela floresta amazônica. Anos mais tarde, aquela paisagem seria representada em seus quadros em tons escuros. “A floresta fechada não é verde, é negra; e só se torna verde nos poucos pontos em que a luz consegue penetrar”, explica Shiró em um dos quatro vídeos a que assistimos na Pinakotheke.

Em 1940, a família se mudaria para São Paulo. Incentivado pelo pai, Shiró buscou contato com outros artistas – Octávio Araújo, Marcelo Grassmann, Luiz Sacilotto, Alfredo Volpi e Francisco Rebolo, entre muitos –, participou de movimentos artísticos e passou a desenvolver seu estilo. Abandonou a pintura figurativa da primeira fase e partiu para o abstracionismo. Vieram os prêmios e uma bolsa de estudos em Paris, onde aprimorou sua técnica e desenvolveu seus múltiplos talentos artísticos na década de 1950.

A obra de Flavio-Shiró recebe influências das culturas japonesa e brasileira – com seus monstros e mitos, pesadelos e sonhos –, mas também encontra referências na cultura francesa. Afinal, é em Paris que ele vive desde 1960. E é no ateliê no bairro de Marais, que ele dá vazão à inspiração, que pode vir de sonhos, como o de um encontro impossível com o pintor Paul Cézanne; ou da admiração por uma amiga – a cineasta e fotógrafa belga radicada na França Agnès Varda –, homenageada na obra “Le Bonheur” (1965), em exposição na Pinakotheke.

Aos 90 anos, com diversos prêmios no currículo, Shiró é um artista incansável, capaz de transformar tudo ao seu redor em arte. Essa mostra da Pinakotheke é bem representativa das várias fases do artista – “os quadros aqui reunidos estão ‘cantando à capela’ as décadas de um sinuoso caminho da minha pintura”, declarou o artista – e é um convite irrecusável a uma viagem pelos muitos mundos de sonhos de Flavio-Shiró.

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O artista Flavio-Shiró em seu ateliê de Paris

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Serviço

“Flavio-Shiró”

Local: Pinakotheke — rua São Clemente 300 – tel. 2537-7566

Dias: de segunda a sexta, das 10h às 18h; sábado, das 10h às 16h, até 17/11

Entrada: Grátis.

Classificação: Livre

 
 
 

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