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Guerra e Paz

  • Antonio Augusto Brito
  • 2 de abr. de 2018
  • 3 min de leitura

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Exposição Guerra e Paz, de Candido Portinari / divulgação

Obra-prima de Portinari foi pintada em Botafogo

Um dos maiores artistas plásticos brasileiros, o paulista Candido Portinari recebeu, em 1952, uma encomenda do governo brasileiro. Ele deveria pintar uma obra que seria presente do Brasil para a sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York. O tema escolhido pelo artista foi Guerra e Paz*, que seria representado em dois painéis. “Não há na natureza algo que grite mais alto ao coração do que as guerras, as tragédias provocadas pelas injustiças, pela desigualdade e pela fome", dizia Portinari.


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Pelas características monumentais do trabalho – a pintura, composta de 28 telas de 5m x 2,20m cada, deveria ocupar uma área total de cerca de 280m² –, Portinari precisaria de um espaço amplo, com pé direito alto, para trabalhar os 180 esboços, e depois pintar e montar o conjunto nos dois painéis com 10m x 14m cada.

Foi escolhido um antigo estúdio da TV Tupi, mais tarde transformado em depósito, na rua Paulino Fernandes 39. Durante quase quatro anos, o artista e seus assistentes trabalharam naquele endereço.

Surgiu uma dificuldade adicional. Após uma hemorragia, Portinari foi proibido por médicos de voltar a pintar. Os metais pesados encontrados na composição das velhas tintas a óleo estavam intoxicando o artista, que, obviamente, ignorou a recomendação médica e continuou o trabalho até o fim.

Em 1956, quando a obra foi concluída, os cariocas foram os primeiros a admirá-la em uma exposição no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A inauguração no prédio da ONU só aconteceu no dia 6 de setembro de 1957. O artista, notório membro do Partido Comunista Brasileiro, foi impedido de viajar aos EUA para a inauguração.

Assim como hoje, eram tempos de guerra mais do que de paz. Mas a obra-prima de Candido Portinari continua lá no prédio da ONU a nos lembrar dos horrores da guerra e a apontar para a esperança de um mundo de paz.

* Na obra, formada por várias figuras sobrepostas, Portinari retratou a guerra com cores frias – azul é a cor predominante – apresentando a dor, o sofrimento, o desespero e o medo. Já a paz é apresentada em cores leves: a inocência das brincadeiras infantis, o valor do trabalho, a mistura de diferentes povos e a solidariedade humana. Candido Portinari considerava Guerra e Paz sua obra-prima: “Os painéis representam, sem dúvida, o melhor trabalho que eu já fiz. Dedico-os à humanidade”.

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Candido Portinari

* Antonio Augusto Brito é jornalista e adora história do Brasil

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