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Botafogo dos bambas

  • Antonio Augusto Brito
  • 21 de nov. de 2017
  • 3 min de leitura

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Paulinho da Viola aprendeu a fazer samba com os bambas de Botafogo

O bairro de Botafogo tem roda de samba em todo lugar*. E, nessas rodas, é comum se ouvirem os sambas dos antigos bambas do bairro. É uma forma que os sambistas têm de reverenciar os mestres do passado e manter a tradição.

Tradição que vem de longa data. Surgiu com os vários blocos carnavalescos – Jerico, Funil de Botafogo e Gaviões –, as escolas de samba – São Clemente e Estrela de Botafogo – e os banhos de mar à fantasia. Também havia grupos de choro, como o Época de Ouro, em que César Faria, cria do bairro, tocava violão. César era pai de Paulo César Batista de Faria, mais conhecido como Paulinho da Viola, que aprendeu a fazer samba em Botafogo, onde nasceu em 1942. Paulinho, um dos mais reverenciados compositores do país, foi influenciado por alguns bambas do bairro, como Niltinho Tristeza – “Tristeza, por favor vá embora...” –, Zorba Devagar – “Devagar, devagarinho” –, Mical, Miúdo, Vavá, Walter Alfaiate e Mauro Duarte, todos homenageados por ele no samba Botafogo, chão de estrelas, composição em parceria com Aldir Blanc gravada por Walter Alfaiate.

Se Paulinho da Viola é o mais famoso de todas essas feras, quem virou nome de praça foi Mauro Duarte, autor de sucessos como Lama. A simpática pracinha entre as ruas General Polidoro e Fernandes Guimarães fica perto de onde era o Cantinho da Fofoca, antiga pensão do Seu Alcides na rua Rodrigo de Brito. Lá sambistas se reuniam todas as noites de sábado. Mauro Duarte fez parte de dois grupos musicais na década de 1960, tocando tamborim, mas foi como compositor – em parceria com Paulo Cesar Pinheiro – que se consagrou em sucessos como Menino Deus (1974), Canto das três raças (1976) e Portela na Avenida (1981) todos gravados pela inesquecível Clara Nunes. Só que Mauro Duarte teve outros parceiros, como Noca da Portela (A alegria continua), Elton Medeiros (Maioria sem nenhum) e o próprio Paulinho da Viola (Cuidado, teu orgulho ainda te mata, que também tinha Alfaiate na parceria).

Mauro Duarte morreu em 1989, mas sua obra está presente em cada roda de samba de Botafogo, para felicidade de velhos e novos bambas.

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Mauro Duarte (E), em rara foto com Clara Nunes e Maurício Tapajós (D)

*Onde você pode encontrar samba em Botafogo:

Samba da Bambina (rua Bambina 180); Cumpadres Humaitá (rua Visconde de Caravelas123); Bar Belmiro (rua Conde de Irajá 503); Sabor da Morena (rua São Manuel 43); Samba do Gelo (rua Pinheiro Guimarães 8), Fuska Bar 2.0 (rua Capitão Salomão 52), MenaBarril Gourmet (rua Mena Barreto 24), Vizinha 123 (rua Henrique de Novaes 123), quadra da Mocidade Unida do Santa Marta (rua Jupira), Gutessen (Visconde de Caravelas 148), Memphis Belle Café (rua Real Grandeza 196), além das rodas de samba no Bar do Tota (rua Jupira 72) e no Bar da Adelina (rua Rodrigo de Brito 39).

Botafogo, chão de estrelas com Walter Alfaiate

* Antonio Augusto Brito é jornalista e adora história do Brasil

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