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Em terra de santa, quem batiza rua é padre

  • Foto do escritor: Antonio Augusto Brito
    Antonio Augusto Brito
  • 10 de jul. de 2017
  • 2 min de leitura

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Capela Santa Marta, obra dos jesuítas no topo do Morro Santa Marta, rua Padre Velloso 57

Quando visitei a comunidade Santa Marta com Salete Martins, do coletivo de guias de turismo local, percorri os caminhos sinuosos da rua Padre Velloso, principal via da morro. Seu nome foi escolhido pelos próprios moradores em assembleia, como reconhecimento pela grande obra social do padre jesuíta Pedro Belisário Velloso Rebello. Também leva seu nome o polo de inclusão social localizado em frente à Praça Corumbá.

A forte ligação dos jesuítas com a comunidade Santa Marta vem de longa data. Na verdade, vem desde o início de sua formação. Nos anos iniciais do século XX, seus primeiros moradores se estabeleceram nos fundos do terreno pertencente ao Colégio Santo Inácio, da ordem jesuítica de Santo Inácio de Loyola. Eram operários a serviço das obras do colégio, que se estenderam por décadas. O padre José Maria Natuzzi, administrador da escola na época, não apenas autorizou como incentivou a ocupação da encosta pelos trabalhadores e suas famílias.

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Ex-aluno secundarista do Colégio Santo Inácio e engenheiro por formação, Velloso ingressou na Companhia de Jesus em 1933. Após dez anos de convívio profissional com operários, ele resolveu se dedicar aos mais necessitados. Em 1943, de volta ao Rio, após completar seus estudos religiosos, padre Velloso tornou-se secretário do reitor das Faculdades Católicas (PUC-RJ), no antigo campus de Botafogo, localizado no Palacete Joppert, construção que faz parte do Colégio Santo Inácio. Lá também era professor de Sociologia, Direito Civil e Matemática Superior. Em 1948, ajudou a fundar a Escola Politécnica (curso de Engenharia) da PUC-Rio, sendo o seu primeiro diretor.

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Paralelamente às obrigações acadêmicas, Velloso mantinha suas atividades religiosas e pastorais. Em 1951, conciliava sua função de reitor da PUC com a assistência religiosa e a promoção social no Morro Dona Marta, funções que exerceu até a morte. Entre suas muitas obras, destaca-se a criação na PUC, na década de 1960, da Escola de Líderes Operários, que visava à formação das lideranças do movimento sindical do Rio de Janeiro.

Graças aos jesuítas, a Comunidade Santa Marta escapou da onda de remoções da década de 1960, durante o governado de Carlos Lacerda, cuja enorme campanha de erradicação de favelas visava a atender à especulação imobiliária. Em Botafogo, foram removidas as favelas do Pasmado e Macedo Sobrinho. Santa Marta, já consolidada e com a propriedade dos terrenos em mãos dos jesuítas, estava fora do processo especulativo e foi poupada.

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Polo de inclusão social Padre Velloso em frente à Praça Corumbá

* Antonio Augusto Brito é jornalista e adora história do Brasil

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