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Dezenove de fevereiro: de Pernambuco a Botafogo

  • Foto do escritor: Antonio Augusto Brito
    Antonio Augusto Brito
  • 5 de jun. de 2017
  • 2 min de leitura

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"A batalha dos Guararapes", de Victor Meirelles, de 1879

Responda depressa: por que a rua Dezenove de Fevereiro tem esse nome?

Difícil, não? Talvez porque a história dessa data seja muito, mas muito antiga mesmo. Remonta aos tempos em que o Brasil ainda era uma colônia de Portugal, e uma megaempresa havia se apoderado da região mais produtiva do país. Seria o equivalente hoje a uma multinacional contratar um exército particular e ocupar militarmente o estado de São Paulo, colocando no governo um representante seu.

Mas era a Companhia das Índias Ocidentais, uma empresa privada holandesa que promoveu uma série de invasões militares na costa do nordeste brasileiro, no século XVII, até conquistar a capitania de Pernambuco e passar a controlar a rica produção de açúcar.

Já naquele tempo, agro era pop.

Sob a administração liberal do conde Maurício de Nassau, a empresa emprestou dinheiro aos senhores de engenho e investiu na melhoria do sistema produtivo. As coisas iam relativamente bem até que Nassau foi substituído, e os novos administradores da Companhia das Índias Ocidentais passaram a exigir dos senhores de engenho inadimplentes o pagamento das dívidas.

Desde aquela época, os grandes empresários não gostavam muito de pagar empréstimos nem impostos e se fizeram de indignados: disseram que não iam pagar o pato e preferiram financiar a guerra para expulsar aqueles que passaram a ser inimigos. Como sempre acontece, caberia ao povo pagar o pato. Foi ele que pegou em armas, tendo à frente Vidal de Negreiros; Henrique Dias liderando negros forros; e Filipe Camarão comandando os índios.

A luta só terminaria no dia 19 de fevereiro de 1649, quando aconteceu a Batalha dos Guararapes, em que brasileiros e holandeses se enfrentaram na região do monte dos Guararapes, próximo ao porto de Recife. No fim daquele dia, o exército da Companhia das Índias Ocidentais havia perdido, entre mortos e feridos, 957 homens de uma tropa de 4.200 homens, contra apenas 107 mortos e 457 feridos pelo lado brasileiro, que contava com apenas 2.750 homens.

Apesar de menos numerosas, as tropas brasileiras – formadas por brancos, negros e índios – eram muito mais eficientes, pois conheciam melhor o terreno e se moviam com rapidez, usando táticas de guerrilha. Um dos sobreviventes, o holandês Michiel van Goch, relatou, com assombro, que os brasileiros “formavam tropas ligeiras e ágeis por natureza... de modo que atravessavam e cruzavam os matos e brejos, subiam e desciam os numerosos morros, tudo isso com rapidez e agilidade verdadeiramente notáveis”.

O pintor Victor Meirelles eternizou a épica batalha no quadro exposto no Museu Nacional de Belas Artes (av. Rio Branco 199).

* Antonio Augusto Brito é jornalista e adora história do Brasil

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